Nesta penúltima e última semana de Janeiro, o estado e principalmente a cidade de São Paulo foram atingidas por fortes chuvas que castigaram intensamente a população. Ruas viraram rios, bairros imersos pela água ao ponto de serem navegáveis e houve grande atenção para a situação desesperadora em que ficaram as pessoas presas nas subterrâneas estações de metrô.
A Terra da Garoa tem passado por grandes problemas causados pelas fortes chuvas. E pensar que isto é muito corriqueiro a cada paulistano, principalmente àqueles de zonas periféricas — pelo menos a cada ano ocorre algo assim.
Quantas vezes o córrego já não transbordou? Quantas vezes as pessoas não tiveram que se abrigar na casa de algum parente, amigo ou vizinho? Descartar uma mobília ou eletrodoméstico devido ao temporal? Telefonar para o trabalho e dizer que não iria no dia seguinte pois a água invadiu a casa ou que se atrasaria muito devido ao trânsito?
Alguns desses relatos percorrem nas bocas de quem já está acostumado a viver nesta situação.
A Destruição de São Paulo
Um dos exemplos mais caricatos da destruição progressiva da cidade é o reforma do vale do Anhangabaú, de um parque vivo até se tornar em uma enorme e trivial praça de concreto com alguns chafarizes efêmeros e pistas de skate.
Esse tipo de desestruturação urbana desenfreada é uma das principais causas das enchentes.
Teoricamente cada paulistano está a apenas centenas de metros de algum fluxo de água corrente, sejam nascentes, afluentes, córregos, leitos e etc.. A cidade de São Paulo fica sob um enorme aquífero, e nitidamente a arquitetura da cidade não foi pensada e preparada para remediar isso.
Ao ver de qualquer cidadão e curioso da história da cidade, o urbanismo paulista consiste em aterrar tudo com asfalto, lotear terrenos e pronto. O serviço da prefeitura está feito.
Município fraco, cidadão incapaz, estado ineficiente…
A frase que resume a decadência paulista. Uma administração municipal que não se dispõe a arcar com um grande plano que mexa tanto na infraestrutura quanto em uma formação cívica dos munícipes, mas sempre disposta em comercializar áreas vitais da cidade a grandes companhias, como aconteceu repetidamente com os transportes públicos, deixando o cidadão largado à própria sorte em meio as especulações de mercado, ao custo de vida cada vez mais acentuado e aos impostos sobressalentes.
O cidadão incapaz de se mobilizar na sociedade, não apenas contra uma má gestão, contra uma péssima obra pública, mas também contra a degradação promovida pelo lixo acumulado e indevidamente descartado por seus conterrâneos, coisa a qual não se discute, não se fala, não se promove algo simples que já diminuiria as consequências das enchentes, principalmente em regiões mais periféricas.
Estes fatores que vivenciamos dia após dia, é a mais pura demonstração de um Estado liberal, ineficiente ao cidadão e mais do que vantajoso aos colegas endinheirados.
Contramedidas?
Em meio ao desespero, os raios de caridade ainda brilham. Mesmo não sendo plenamente e politicamente bem organizada, a sociedade civil sempre conta com o socorro bem presente da sociedade religiosa, tanto católicos quanto evangélicos e até outros segmentos não-cristãos prestam um serviço essencial a suas comunidades mostrando que a Fé chega aonde o Estado não chega.
Não existem soluções prontas para os problemas contemporâneos. Tudo deve ser analisado de forma integral e nunca parcial. O caos manifestado na cidade não passa de uma representação exterior da tribulação que ocorre no interior das almas dos homens.
Uma dessas contramedidas perante as enchentes são os famosos piscinões e a expansão das áreas verdes, porém não passam de algumas das ferramentas para partes específicas de problemas tão complexos e de tantos desdobramentos.
E para os integralistas, um lembrete: um passo de cada vez.
Os problemas como as enchentes entre outras questões estruturais e sociais poderão se perdura enquanto nós não agirmos na sociedade.
Primeiramente, é dever de cada integralista promover a cidadania autêntica e integral, instruir as pessoas de seu ciclo social, seja família, igreja, bairro e começar a se incluir nos órgãos da sociedade civil, entrando em contato com associações de bairro ou conselhos participativos municipais, no caso da grande cidade. Buscar interagir nestes meios para futuramente ser uma força de estruturação do municipalismo e consequentemente do integralismo.
Pois foi na terra de São Paulo que Plínio Salgado lançou o Integralismo, formalizou uma doutrina nacionalista de essência bandeirante que se espalhou por todo o Brasil, lugar que teve a bênção de dar os primeiros militantes, de acolher os primeiros núcleos e de vislumbrar a primeira marcha de camisas-verdes.
Só triunfaremos se nos movermos e agirmos mesmo que o céu desabe sobre nós.
Autor: Matheus Lima.